Prevenir perdas, “remédio” para varejo farma ampliar o lucro

O varejo farmacêutico projeta um crescimento de 11,4% para este ano de 2023, ou seja, índice um pouco menor do que os 13,5% registrado em 2022, como aponta o Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma) com base nos dados do instituto IQVIA. Diante de tamanha concorrência, em um mercado que reúne mais de 84 mil estabelecimentos pelo país, de acordo com os números da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), é fundamental o varejista do setor prevenir perdas para rentabilizar seu negócio e ampliar o lucro.
No varejo farma, os grandes vilões das perdas são as oriundas de produtos vencidos e os furtos externos, especialmente de aparelhos de barbear, shampoos, desodorantes, condicionadores e perfumes de alto valor agregado. E para prevenir perdas, investir em tecnologia torna-se mandatório. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Prevenção de Perdas (Abrappe), Carlos Eduardo Santos, em entrevista à revista Guia da Farmácia, para combater os furtos externos na área de vendas, as principais tecnologias são as antenas e etiquetas eletrônicas antifurto aplicadas em produtos de alto risco. Essas etiquetas também são utilizadas nos protetores de embalagens e sacolas que lacram os produtos antes do efetivo pagamento.
No varejo farma, para prevenir perdas, também são utilizados o Circuito Fechado de TV (CFTV), que permite o monitoramento no próprio local ou a distância, através de uma Central de Monitoramento, e a gravação das imagens das lojas. Referente aos furtos internos (funcionários), o CFTV é utilizado para monitoramento das áreas internas com o objetivo de evitar fraudes, desvios de produtos e conluio com terceiros. Nas áreas internas também são utilizados controles de acesso para monitoramento do fluxo de pessoas.
Prevenir perdas no PDV e com produtos vencidos
O PDV é um dos locais de maior risco. Praticamente 20% das perdas totais ocorrem por falhas e fraudes na operação de caixa. Para combater essas perdas, os varejistas investem em uma solução tecnológica que permite o monitoramento da operação de caixa ao mesmo tempo em que é possível observar o cupom fiscal, coibindo situações de subescaneamento, isto é, o não registro do produto.
Ainda segundo Carlos Eduardo Santos, a gestão efetiva do estoque com um bom controle de ruptura é a melhor forma de evitar as quebras operacionais, que são os produtos vencidos e também os avariados. Também é importante organizar os produtos de forma que os mais próximos do vencimento fiquem à frente dos de validade mais longa, controlar a venda e a reposição adequada utilizando o conceito do PEPS (Primeiro que Entra, Primeiro que Sai) e utilizar a brigada de validade para localizar produtos com risco de vencimento. Essas são algumas práticas comuns utilizadas para reduzir as perdas e melhorar a rentabilidade.
Varejista deve estar sempre alerta com as perdas
Como já mencionado, prevenir perdas no varejo farma exige atenção redobrada com os chamados PAR e o maior trânsito de pessoas nas lojas. Conhecer a atratividade e o potencial número de perdas dos produtos é condição básica para implementar um programa de prevenção sustentável capaz de alinhar a estratégia de vender mais com o menor índice de perdas possível.
A forma mais eficiente para identificar atitudes suspeitas é conhecer o modus operandi praticado pelos oportunistas e criminosos e, quando for possível identificar essa situação. Aqui uma outra atenção: deve ser realizada uma abordagem preventiva através do oferecimento da cestinha da loja e/ou prestar qualquer outro atendimento que tenha como objetivo evitar que o cliente saia da loja sem pagar o produto. Nunca tome iniciativas precipitadas ou truculentas, pois o estrago na imagem e a reputação pode ser grande em atitudes nada recomendadas.
Índice de perdas em queda no varejo farma
As farmácias e drogarias tiveram destaque positivo na 5ª Pesquisa Abrappe de Perdas no Varejo Brasileiro, divulgada em 2022. Na comparação com 2019, período anterior à pandemia, as perdas do setor caíram de 1,28% para 0,89% sobre o faturamento total, o que envolve furtos, roubos, desvios, avarias e má administração do estoque. O índice está abaixo da média geral de 1,21% e é bem inferior ao de segmentos como o supermercadista (2,15%) e perfumarias (1,74%).
Embora o nível de ruptura nas farmácias tenha subido de 4,05% para 6,76% na comparação com 2020, a ausência de produto por má gestão comercial segue em patamar inferior ao das lojas de eletromóveis (10,08%) e supermercados (9,08%). As chamadas quebras operacionais representaram 68,5% das perdas no varejo farmacêutico, contra 77% da média geral. É um indicador muito positivo se levarmos em conta a maior diversidade de serviços no canal farma, por conta do modelo de assistência farmacêutica, e a retomada do fluxo de clientes na loja física.