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Descriminalização de furto por necessidade já está em vigor nos EUA

Imagem de mulher furtando
Ocultação de produto

Em entrevista para a ‘Bonappetit”, uma funcionária da Whole Foods, nos EUA, revela que os furtos na loja em que ela trabalha ocorrem com bastante frequência. E a reação dos funcionários perante às ocorrências é surpreendente. Eles simplesmente as ignoram, permitindo que as mercadorias sejam furtadas, sem nenhum obstáculo. O entendimento deles é que os indivíduos que as furtam o fazem por não terem condições de pagar pela comida disponível nos mercados ou que elas são inacessíveis para uma parte da população – esse comportamento faz parte do movimento denominado Woke (leia mais neste artigo). A funcionária da cadeia de supermercados, que ficou famosa e internacionalmente conhecida por vender apenas alimentos orgânicos e ter como principais fornecedores pequenos produtores e fornecedores locais, justifica a “vista grossa” por se sentir sensibilizada com a situação da pessoa que comete o furto.

 

De fato, em alguns Estados norte-americanos, além da ´sensibilidade´ da funcionária da Whole Foods diante dos furtos na loja em que trabalha, uma lei recente permite que praticantes de pequenos delitos sejam encaminhados à assistência social, em vez de serem presos. A partir de então, foi registrado um grande aumento da quantidade de furtos no comércio, tanto que as farmácias, por exemplo, passaram a trancar em armários com cadeados grande parte dos produtos à venda. Apesar dos prejuízos na queda do faturamento, em razão da desistência dos clientes em comprar algumas mercadorias, por terem de chamar um funcionário para ter acesso a elas, muitas empresas alegam que, mesmo assim, vale a pena mantê-las confinadas, pois as perdas por furtos traziam prejuízos ainda maiores.

 

Por aqui, existem iniciativas semelhantes ao que já é realidade em algumas partes nos Estados Unidos. O projeto de lei 4540/2021, de autoria da deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ), em suma, descriminaliza o furto de alimentos. De acordo com reportagem publicada na revista IstoÉ, o projeto, protocolado na Mesa da Câmara dos Deputados, prevê a alteração do Código Penal e a descriminalização do ato de furto de alimentos por fome. O novo texto do Artigo 155 apresentado prevê os termos “furto por necessidade” e “furto insignificante” – com punição leve, apenas de multas, a depender do caso.

 

No Brasil, de forma geral, não há qualquer tolerância aos flagrantes de furtos nas lojas. Em alguns casos, a abordagem aos clientes é feita de maneira contrária às boas práticas e geram uma repercussão bastante negativa para os varejistas. De acordo com a Abrappe, as atitudes extremas nunca são uma alternativa nessas situações. Com um smartphone por cliente sempre à mão, o registro de uma atitude inadequada de um segurança ou funcionário pode manchar a reputação da empresa de maneira inimaginável, seja por processos judiciais ou pela exposição das imagens, de forma instantânea e massiva, nas mídias sociais.

 

Se uma abordagem inadequada a um indivíduo pode viralizar nas redes sociais, o que dizer do estopim para uma crise de imagem, que traz ainda mais prejuízos para os varejistas, no caso das invasões a várias lojas de supermercados, em diferentes localidades no país, por movimentos que alegam lutar pelas pessoas mais necessitadas. Elas se intensificaram de tal maneira em dezembro de 2022, que o Comitê de Segurança da Abrappe criou o “Guia de orientação rápida de gerenciamento de crises – Manifestações no varejo”, com um passo a passo para prevenir, tratar e retomar a normalidade.

 

Movimento Woke – O termo “Woke” tem em seu significado literal, o pretérito da palavra “acordar”, mas há muito deixou de ser apenas uma palavra, para se transformar numa causa, atualmente, nos EUA. Principalmente, por pessoas com posições políticas inclusivas e progressistas, que têm como bandeira a luta contra a injustiça, discrimininação, racismo e qualquer outra forma de preconceito.

 

O termo foi usado pela primeira vez em 1994, no livro “Ready for Revolution", escrito por Kwame Ture. Nele, o autor descreve como “wokes” pessoas capazes de reconhecer que as diferenças estruturais e culturais são gigantescas, além dos preconceitos por conta da cor e raça.

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