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Menos perdas para garantir lucro em tempos difíceis para varejo da construção

VAREJO_CONSTRUÇÃO

Após dois anos de forte crescimento impulsionado pelo efeito do Covid 19, em 2021, o setor da construção civil se retraiu nos anos de 2022 e 2023. Segundo o FGV IBRE em parceria com a Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), o faturamento de 2023 foi de R$222,8 bilhões, com queda de 2,8% no ano. Em 2022, o setor de varejo da construção atingiu a marca dos R$229,2 bilhões. Para 2024 a estimativa é de um aumento de 1,5% no faturamento, segundo a Anamaco. Diante desse cenário, toda redução de perdas será bem-vinda.

Pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Prevenção de Perdas (Abrappe), com o apoio da KPMG, verificou que ocorreu uma elevação no nível de perdas no varejo. O índice passou de 1,21%, registrado em 2021, para 1,48%, em 2022. A categoria Lar e Construção também contou com elevação no indicador de perdas. Em 2021, ela atingiu uma taxa de 0,96%. Já em 2022, esse valor saltou para 1,25%.

Na categoria Lar e Construção, as quebras operacionais – produtos considerados sem condições de vendas ou perdas identificadas – representam 0,59% do indicador. Por sua vez, as perdas não identificadas respondem por 0,66% dos casos. Confira os principais gargalos e as boas dicas de Vinícius Zanini, da VZanini Consultoria e Assessoria para o Varejo, e gerente de prevenção do Village Home Center para reduzir as perdas no setor.

 

Principais gargalos para as perdas no varejo da construção

RETIRA

Um dos principais gargalos de perdas nos home centers é o processo de retira, onde o cliente faz uma compra na loja e retira o produto em outro setor, geralmente nos fundos da loja, na saída do estoque. Há a Retira Imediata (quando cliente compra e leva na hora) e a Retira Posterior (cliente compra e retira depois).

Geralmente, na Retira Imediata, são produtos que não estão nas prateleiras, pois habitualmente são materiais de grandes dimensões e não tem como passar no caixa.  Ao pagar no PDV, o cliente pega o cupom e vai até o setor de retira para pegar o produto e colocar em seu veículo. São produtos como sacos de argamassa, latas de tinta (18 litros), tubos, louças (vaso sanitário, pias), etc.

A Retira Posterior geralmente ocorre quando o cliente está com um carro pequeno e não consegue levar produtos pesados e de grandes dimensões. O grande problema é quando o funcionário do retira entrega o produto errado, seja por engano ou má índole. “Por isso sugiro o uso de câmeras, controle de baixa de cupons imediatamente após a entrega e fazer auditorias constantes. Existem muitos casos em que o funcionário mal-intencionado combina com um amigo que vai até a loja com um cupom falso ou até sem cupom e acaba ‘desviando’ o produto”, revela Vinícius.

Por vezes os funcionários apenas se confundem e entregam o produto errado (isso acontece muito com sacos de argamassa e latas de tinta). O cliente, por sua vez, só percebe o engano quando chega em casa e se o produto que ele recebeu for mais caro que o que ele comprou, dificilmente retorna para fazer a troca.  Outro caso comum é quando o funcionário não dá baixa no sistema do cupom retirado e corre o risco de cliente vir retirar o produto novamente.

INVENTÁRIOS

Exceto os grandes home centers, os players menores de lojas de material de construção não possuem a prática de fazer inventário geral, adotando apenas os rotativos. “Como são muitos produtos de peso elevado, como pisos, por exemplo, não é feito com muita frequência nas lojas, por serem difíceis de manusear. Acaba gerando muitas divergências de estoque”, argumenta Vinícius Zanini.

QUEBRAS

Outro grande problema decorrente dos tipos de produtos comercializados. Pisos que quebram por descuido no manuseio, excesso de empilhamento das caixas, falta de zelo ao transportar com empilhadeiras e paleteiras por pisos irregulares.

Há ainda casos de sacos de argamassa que rasgam por estarem sem proteção nos racks, empedramento por excesso de empilhamento ou umidade, latas de tinta que amassam com facilidade por mal acondicionamento e empilhamento, além de louças que se quebram por exposições inseguras nas gôndolas e armazenamento inseguro nos racks do estoque. Há também data de validade vencida de produtos como tintas, colas e adesivos, etc.

CFTV

Exceção, mais uma vez, dos grandes home centers, os menores até tem câmeras nas lojas, mas nunca dispõem de alguém no CFTV monitorando o tempo todo. Só é feita a revisão de imagens quando notam a falta de produtos, possivelmente furtados.

ANTENAS EAS

Outro ponto falho nos pequenos home centers é a falta de antenas EAS antifurto nas lojas. Os donos não conhecem ou acham desnecessário. “Na Village adotamos em todas as lojas. Para começar instalamos em uma loja, como piloto, por seis meses e medimos a queda nos furtos. A diminuição foi drástica. Queda de 65% nos furtos de PAR (Produtos de Alto Risco), como rolos de fios elétricos, disjuntores elétricos, ferramentas elétricas (furadeiras, máquinas de serra, etc), discos de serra, brocas, base de registro, torneiras, bases de registros, chuveiros e ventiladores de teto.”

CONTROLE DE LOTES DE PISO

Outro grande problema é falta de controle de lotes de piso. Existem diferenças de tonalidade de um mesmo piso com lotes diferentes, portanto, tanto o recebimento nos CDS, como o armazenamento e separação tem que ser realizado por lote. “Ao faturar um pedido de piso, tem que se atentar se a quantidade vendida tem disponibilidade do mesmo lote, caso contrário, pode ocorrer de vender pisos com diferenças de tonalidade por ter lotes diferentes”, diz Vinícius Zanini. Geralmente o cliente só percebe a diferença de tonalidade quando está assentando o piso e coloca um do lado do outro. “Temos que acatar a devolução e o piso acaba indo para a quebra, além da insatisfação do cliente”, completa.

CONSCIENTIZAÇÃO

Diferente do ramo de supermercados, onde já é notória a necessidade de se fazer prevenção de perdas, o ramo de material de construção ainda está engatinhando. “É necessário fiscalizar o tempo todo e aplicar treinamentos constantes para conscientizar os funcionários da necessidade de ter controles, procedimentos e técnicas e aparatos antifurto”, explica Vinícius.

 

Dicas e Soluções:

RETIRA: Fiscalização constante no setor, com câmeras de CFTV, auditorias, sistema que trava o procedimento de Retira se não for dado baixa nos cupons já entregues, relatórios do sistema para fazer inventários dos itens retirados diariamente.

INVENTÁRIOS: Realizar ao menos um inventário geral de todas as lojas e CDs no ano e fazer os rotativos constantes.

QUEBRAS: Padronizar a exposição e armazenamento dos produtos, adotando gôndolas e racks com proteção e amarração dos produtos; criar KPIs de quebras por empilhadeira, manuseio, armazenagem e exposição e aplicar treinamentos e reciclagem de tempos em tempos.

CFTV: Imprescindível, obrigatório ter CFTV em todas as lojas e CDs. Caso não tenham funcionários suficiente para ter um posto fixo no CFTV, criar uma Central de Monitoramento onde é possível ver as câmeras de todas as lojas. Outra boa prática é ter um púlpito na entrada das lojas para o segurança da porta, seja terceirizado ou não, contar com um monitor com as imagens das câmeras das lojas.

ANTENAS EAS:  Existem muitas empresas que fazem locação de antenas onde já está inclusa a manutenção dos equipamentos. Caso opte pela compra das antenas, é imprescindível ter um plano de manutenção, pois é constante a necessidade de ajustes de sensibilidade das antenas.

CONTROLE DE LOTES DE PISO: Adotar o controle de lotes de piso, desde o recebimento, armazenagem, venda e separação. Deve-se adotar a separação física de lotes nos CDs e manter as quantidades de cada lote sempre atualizada no sistema. Conscientizar os vendedores a sempre atentar para as quantidades do piso por lote, para vender sempre do mesmo lote para cada pedido.

CONSCIENTIZAÇÃO: É preciso responsabilizar a liderança das lojas nas falhas de processos e procedimentos, engajando-os a se preocuparem com a prevenção de perdas, além de abordar o tópico prevenção de perdas em todas as reuniões gerenciais e reuniões diárias com os funcionários das lojas. Realize a integração de prevenção de perdas para todos os novos funcionários e aplique treinamentos e reciclagem constantes.

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