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Não há segurança sem a perspectiva de perdas

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Ao iniciar esta leitura, pelo título, já se pode imaginar o que virá pela frente, e o leitor tem razão. De fato, executamos nossas atividades de segurança e, muitas vezes, não levamos em consideração a relação que o tema Prevenção a Perdas tem para a nossa estratégia em todos os aspectos.

Quando olhamos para segurança, sempre pensamos e resgatamos nosso arcabouço de conhecimento técnico, levando em consideração teorias como CPTED, círculos concêntricos e o conceito de barreira perimetral como premissas básicas para nossas decisões de estratégia de segurança ou investimentos que fazemos. E está tudo bem, isso também faz parte das nossas decisões como gestores de segurança. Contudo, o que vou trazer neste artigo revela que isso é apenas uma parte da nossa análise e que está desconectado do negócio que nos propomos a proteger.

Tudo começa no entendimento do negócio que vamos proteger e como ele está sujeito a perdas no decorrer do processo, seja por desvios ou de uma maneira mais ampliada, conforme nos traz o tema Prevenção a Perdas. Trago aqui como premissa de análise o tema da "Perda Ampliada", muito bem abordado na literatura Prevenção a Perdas e Gestão de Riscos do autor Carlos Eduardo Santos. Este livro apresenta técnicas e metodologias a serem utilizadas de forma integrada no Gerenciamento de Riscos e Prevenção de Perdas, focando os processos de negócios e os riscos estratégicos.

Dado este entendimento, avaliar o que e como a empresa pode perder nos faz focar os temas de segurança onde, de fato, há valor, não somente no cuidado da barreira perimetral, mas com foco no ativo que a empresa tem a perder. Toda a estratégia de segurança passa a olhar para o ativo tangível: como ele se comporta, qual a jornada que possui e quais os riscos atrelados a ele, gerando alternativas de controle, auditoria e bloqueio e, ao final desse processo, o quanto de perda evitada capturamos para o negócio.

Avançando neste quesito, pergunto a você, leitor: o quanto de resultado financeiro sua área de segurança gerou de receita para a empresa? Ou ela ainda representa uma alta despesa para sua companhia? São perguntas importantes para a própria sobrevivência de sua estrutura de segurança dentro da organização.

Por onde começar? Essa é uma pergunta importante e, de fato, não existe uma fórmula pronta. No entanto, darei algumas dicas importantes para você iniciar nesta jornada, que funcionaram para mim. Comece pelo básico: inicie com uma boa análise de risco, conectando o que chamo internamente de Triângulo da Perda: fraude, segurança e perdas.

  • No pilar de fraude, entenda como os processos podem ser fraudados, adulterados ou substituídos.
  • No pilar de perdas, entenda dentro da DRE da empresa onde estão as oportunidades de perdas (seja de estoque, venda, avarias ou perdas não identificadas).
  • Por fim, conecte sua estratégia de segurança, mitigando os riscos identificados nos dois pilares anteriores, somada à expertise de segurança já aplicada ao conceito de barreira perimetral.

Desta maneira, seus investimentos serão mais assertivos e trarão resultados financeiros para a empresa, seja em redução de perdas ou em processos mais otimizados.

Compartilho um exemplo prático, um benchmarking que capturamos da CEVA Logistics e que aplicamos com sucesso aqui no Grupo Boticário. Alteramos o escopo de vigilância para agentes de prevenção de perdas. Nesta mudança, alteramos o foco, que seria rondas de mitigação, para checklists de processos logísticos nas docas de inbound e outbound. Estes checklists são voltados à conferência do processo produtivo, com foco nas etapas de vulnerabilidade que ele apresenta. Identificamos falhas processuais e até possíveis desvios. A partir desses desvios, calculamos as possíveis perdas que a empresa teria se não tivéssemos atuado na causa-raiz. Monetizamos essas possíveis perdas e as apresentamos como resultado de Perda Evitada.

Em um único mês de execução, capturamos um valor que pagou o custo do investimento em quase duas vezes, em apenas esse mês. Agora, avalie isso de maneira ampliada: conectando os processos de inventário, análise crítica dos processos e planos de ação de mitigação integrados às áreas comercial, logística e industrial. Atualmente, já acumulamos uma Perda Evitada de quase 10 milhões de reais (10MM) nos processos em que estamos inseridos, além de uma redução de perdas de 27% sobre a receita líquida do canal.

Em suma, o que a jornada da Prevenção a Perdas nos revela é que a segurança, quando desvinculada do impacto financeiro e da proteção do ativo tangível, é apenas uma despesa. Ao integrarmos a análise de risco ao "Triângulo da Perda" — conectando fraude, segurança e perdas do negócio —, passamos a atuar na causa-raiz, transformando o custo em investimento e gerando a valiosa "Perda Evitada". Dessa forma, comprovamos que, de fato, não há segurança sem a perspectiva de perdas, pois é somente ao entendermos o que podemos perder que direcionamos nossa estratégia de forma assertiva e garantimos não apenas a proteção, mas também a sobrevivência e a prosperidade da estrutura de segurança dentro da organização.

Por: Jonathan Schmidt.

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