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Perda ampliada: você sabe mesmo quanto sua empresa perde?

Patricia

Muitos varejistas já ouviram falar no conceito de perda ampliada. Mas será que efetivamente conhecem seu funcionamento na prática? Empresas que já atingiram um nível importante de maturidade na prevenção ao tema estão estendendo sua atuação para além da perda do produto. E os profissionais de prevenção de perdas, têm entendimento da perda ampliada?

O tema perda ampliada, que vem sendo debatido na Associação Brasileira de Prevenção de Perdas (Abrappe), consiste em olhar para aspectos como perdas de produtividade, perdas comerciais, custos, entre outros. Muitas dessas oportunidades estão “escondidas” em várias linhas do DRE das empresas.

Um exemplo é a ruptura, que pode ser considerada uma perda de vendas (ou perda comercial). Segundo notícia da SA+ Varejo, em abril de 2023 foi alcançado o maior índice do ano (13,5%) de falta de produtos nas prateleiras. O estudo analisou a malha da Neogrid que mede a falta de itens nas prateleiras de grandes redes de varejo e indústrias pelo país, e demonstrou uma alta de 0,6% em relação a março, e de 2,2% comparado ao mesmo período em 2022.

Como costuma dizer Carlos Eduardo Santos, presidente da Abrappe, a ruptura é uma das maiores dores do varejo. A perda de uma venda, como argumenta ele, é com certeza maior do que a perda por furto ou vencimento, por exemplo. E aqui, informa o executivo, é que entra o papel fundamental do profissional de prevenção de perdas, que, com o olhar mais estratégico, pode ser também protagonista nesse cenário. Afinal, a prevenção de perdas atua nos inventários e consegue identificar onde o produto está na loja, se está no Centro de Distribuição, no estoque ou mesmo que não foi adquirido.

Perda ampliada, muito além dos produtos

Durante o Fórum Abrappe 2023, Patrícia Rosa, conselheira da Abrappe, apontou outras perdas que compõem o cenário da perda ampliada em uma empresa. As perdas por furtos, quebras operacionais, erros administrativos e fraudes estão muito comumente já na linha de visão dos profissionais de prevenção de perdas, mas há as perdas financeiras (consequência de assaltos, inadimplências de crédito, cheques devolvidos, fraudes de cartões e cheques e notas falsas), e de produtividade (burocracia nos processos e atividades, demora no atendimento em geral, tempo na execução dos trabalhos acima do “tempo padrão” e retrabalho).

Também compõem o cenário da perda ampliada aquelas de ordem administrativa (desperdícios de água, energia, suprimentos, telefone e manutenção por mau uso), legal (perdas por ações judiciais no relacionamento com clientes, fornecedores e estado) e proteção de dados (crimes cibernéticos e vazamento de dados).

Profissionais mais eficientes e com olhar estratégico

Nesse cenário, a busca por mais competitividade exige do varejista mais eficiência na execução de seus processos em toda a cadeia, e um grande diferencial competitivo passa a ser a adoção do conceito da perda ampliada. A adoção desse modelo obviamente depende da combinação de uma série de fatores, como o nível de capacitação do responsável pela área e todo o seu time de reporte direto, entendimento da diretoria executiva com relação ao foco mais estratégico e principalmente, possuir um resultado satisfatório ou residual dos indicadores de perdas físicas.

A adoção do modelo de perda ampliada permite à área de prevenção de perdas agregar mais valor à empresa, ampliando a sua contribuição para o aumento da rentabilidade e proteção do caixa. De quebra, mitiga a possibilidade de redução da estrutura, pois quando o indicador de perda atinge seu nível residual, isto é, menor nível de perda possível, muitas vezes, pode ocorrer que o custo operacional para manter todo a estrutura seja maior que o resultado de perda atual, fruto de um trabalho consistente de redução. Uma forma de evitar a redução do quadro é exatamente ampliar seu campo atuação.

O modelo da perda ampliada tem como objetivo direcionar os profissionais de prevenção de perdas para uma atuação mais estratégica cobrindo outros cenários geradores de perdas em uma operação de varejo, independentemente de sua configuração e tamanho.

A adoção da perda ampliada permite a área de prevenção de perdas agregar mais valor de seu trabalho, potencializando a possibilidade de aumento da lucratividade da empresa. Abaixo, oito pontos importantes abordados por Patrícia Rosa no Fórum Abrappe sobre o papel do novo profissional de prevenção de perdas.

 

  1. Ter papel protagonista e se posicionar de forma estratégica;
  2. Atuação além da promoção da cultura e processos de PP;
  3. Ter foco na gestão de riscos, assumindo áreas de controle para agilidade nas decisões;
  4. Formar equipe com visão multidisciplinar e ampla dos processos;
  5. Apontar o impacto da perda no resultado da empresa de forma sistemática e estruturar a gestão e monitoramento dos riscos envolvendo as áreas tomadoras de decisão;
  6. Apoiar as áreas na estruturação de ações mitigadoras;
  7. Alta administração tem que entender do que a área é capaz;
  8. Oferecer soluções garantindo o negócio. Varejo é venda!

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